sábado, 3 de setembro de 2011
Ela: Por que você não me procurou antes?
Ele: Porque eu não queria vir e ir embora sem você. Eu queria fazer diferente, queria pelo menos uma vez, fazer do jeito que eu deveria fazer desde o primeiro dia que eu te vi passar por frente da padaria e eu parei pra ficar olhando seus cabelos se mexerem exatamente igual ao vento, enquanto o sol refletia nas pontas mais claras dele. Eu queria, pelo menos dessa vez, encaixar minhas mãos nas suas de um jeito que eu apertasse, que as vezes doesse e até suasse, mas você não tivesse vontade de soltar. Eu queria voltar naquela tarde de chuva e te pegar no colo, enquanto eu te olhava de maquiagem borrada e cabelo todo bagunçado e ter dizer, que eu tinha a certeza que você era a garota mais linda do mundo. Queria de novo poder deitar no seu colo, mas dessa vez, eu não queria pegar no sono com seus carinhos… Eu queria te dar carinho. Eu sei que de todas as vezes que a gente passou por um canteiro de flor, você sempre esperou que eu te desse uma florzinha daquelas, ao invés de todos aqueles buquês que eu ligava pra um cara e ele ia te entregar. Por falar nisso, eu trouxe outro buquê pra você, mas dessa vez, foi eu que fiz com as flores lá do jardim de casa. Eu devia ter chorado com você nos filmes e ter prestado atenção nas histórias malucas que você contava. Todos aqueles textos que eu te mandava por depoimento era pra te ver sorrir, mas eu sabia que o seu maior sorriso seria se eu te deixasse um bilhete na porta da geladeira falando que seu batom novo ficou lindo em você. Eu sempre gostei da cor dos seus sapatos e do jeito que você cruzava as pernas. Eu sempre prestei atenção no seu sorriso torto e seus olhos cor de mel que me deixavam bobo. Eu sempre soube dos seus costumes de comer brigadeiro com pipoca e dormir cheirando a parede. Eu sabia, que todas as vezes que você fez bico, você esperou que eu falasse que não resistia a ele… E por que? Me diz por que eu sempre fingia que resistia, sabendo que por dentro eu me derretia? Eu queria tanto poder voltar no dia que você se lambuzou de sorvete e te sujar mais ainda, invés de rir de você. Eu mereci todos os telefonemas que você desligou na minha cara. Mas eu não mereci ver sua felicidade sendo de outra pessoa. Eu não te mereço e talvez nunca te mereça, mas do meu jeito panaca de ser, eu sei que suas unhas tem manchinhas brancas e você diz que é porque vai ganhar presentes. Sei que você dizia isso com cinco anos de idade e diz agora, com 16. Eu sei, que só eu sei, que suas meias são pequenas e que você usa duas, porque sente muito frio. Sei que você gostava de lápis cheios de desenhos. As suas roupas arrumadas por cores, o seu cabelo jogado pro lado direito, a sua mania de comer um pedaço de maçã toda vez que ficava irritada, o jeito que você abre e fecha os dedos e depois roda o pulso quando começa a escrever demais. Eu sei, eu sei dos detalhes que nem você sabe. Ou será que você sabe que enquanto digita, seu pescoço deita no ombro? E será que você sabe que enquanto você escreve no caderno e seu cabelo cai no olho, você arruma duas vezes e se cair a terceira, você deixa ali? Você não faz ideia de como você está com uma cara de brava olhando pra mim agora e dá pra ver o quanto você sentiu saudades só pelo jeito que você tá estralando os dedos nesse exato momento. Por mais inútil e otário que eu seja, o cara mais perfeito do mundo, não iria olhar pra você de um jeito que visse seu coração bater nos seus olhos e saber que você esta sorrindo, mesmo se tampasse sua boca, igual eu. Eu só quis dizer com tudo isso, que eu senti sua falta. E todas as vezes que eu respirava, eu inspirava saudades suas. Mas antes de eu ir, eu mereço um abraço?
Ela: Deixa o tapa na cara pra depois, porque agora, eu quero o seu cheiro de perfume azedo na minha roupa, de novo. (p.s)
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