quarta-feira, 19 de outubro de 2011

Duas horas da manhã, ela acorda com o toque de seu celular. Ainda com os olhos meio atrapalhados pelo sono e com a dificuldade de enxergar a tela, ela atende.Ela: Alô?
Ele: Oi
Ela respira fundo, passa a mão em seus olhos e senta na cama, sem acreditar no que ouves. O silêncio reina por uns cinco segundos, por ambas as partes. Ela respira fundo, ele ouve sua respiração e continua.Ele: Bem, eu não queria te acordar. Mas eu permaneci durante muitas noites sem dormir. Não que eu te acordei por causa disso, não, dessa vez não fui egoísta. Eu lhe liguei porque justo nessa noite, eu não aguentei a dor. Foi muito difícil para mim. Eu disse para que fizestes o que quisesse, mas não era bem isso que queria que fizestes. Eu gostaria que voltasse, me desse um beijo e dissesse que me amava. Shiu … Não, não desliga. Eu sei que você deve estar pensando: Que idiota. Me fez acordar para dizer isso. Mas não, eu não lhe acordei por causa disso. Eu queria compartilhar minha insônia, que por coincidência foi causado por nosso amor. Eu queria te perguntar também se ainda lembra de tudo o que vivemos e se a nossa foto ainda esta no papel de parede do seu celular. Queria saber se antes de cair no sono, eu permaneci em sua mente e se seus sonhos são os momentos em que vivemos juntos. Porque minha menina, meus pesadelos começam quando eu acordo […] Eu estava pensando em passar ai na sua casa para lhe entregar aquele seu ursinho que esquecestes aqui, mas achei que poderias pensar que fosse ousadia minha. Mas confesso, eu pensei em me aproveitar da situação e deslumbrar pela última vez teu sorriso. Só que não quero te devolver seu urso agora, ele tem seu cheiro ainda. E admito, eu gosto de dormir com ele ali, em cima de minha cômoda bagunçada. Ele me lembra você e fica a noite toda a me fitar. Você sente muito a falta dele? Porque se sentir, eu me esqueço do que me parece agradável e lhe entrego-o para lhe ver sorrir. Eu sinto falta do seu sorriso minha menina, sinto falta da sua pele e de quando eu podia te carregar nas minhas costas. Eu sinto saudades das vezes em que me batia, me xingava e com um sorriso lindo de lado me beijava, dizendo que me amava, em seguida. Ei minha pequena, enquanto durou, foi bom pra você? Sei lá, eu não quero ter passar na sua vida sem deixar uma boa marca. Eu não queria apenas passar, mas suas palavras soaram como facas em meu peito. Você disse para eu ir, desculpa não remediar. Mas te amo tanto a ponto de me sacrificar. Eu ia pedir para você ficar, eu juro que ia. Mas aquelas palavras me martirizavam. Eu tinha prometido para mim, no começo de nosso namoro, que iria fazer tudo o que me pedistes. Eu não podia negar esse pedido. Eu até disse, com voz tremula e em baixo tom para que ficastes. Mas você não ouviu. Com passos firmes, largos e rápidos, você se foi, sem olhar para trás. Nossa, como sou um idiota. Me esqueci que tens aula amanhã de manhã, tem que dormir para acordar disposta. Desculpa? Eu acho que sempre, em todos os momentos, eu deixei de perceber alguns detalhes. Como agora, esqueci-me de suas obrigações. Desculpa, eu acho que em todos os momentos perdi meu tempo imaginando seu olhar, seu toque, seu beijo … E esqueci de enxergar ao meu redor. Desculpe-me pela distração? Vou deixar você agora … (Um silêncio permaneceu no ar, ele suspirou) Boa noite, se cuida ta bem? Eu te amo, de verdade. Eu não tenho medo de dizer isso. Durma bem, com os anjos e sonhas com quem quiser sonhar.
Ele desliga o telefone.Ela imóvel permanece sentada na cama, sem reação, com uma dor e um arrependimento no peito. Ela sussurra: Eu também te amo, meu amor … Coloca seu celular na escrivaninha do lado de tua cama. Aperta o travesseiro sob seu peito e lhe deixa escorrer algumas lágrimas … Fecha os olhos e dorme

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