sexta-feira, 21 de outubro de 2011

A poeira tem se alastrado por tudo, cobrindo os móveis e o chão, deixando meus pés com cara de ainda mais cansados. Eu tenho medo quando não me incomoda. Quando, apesar de tudo, me falta alergia e espirro de doer o peito, me falta emoção e interesse para gritar. Sinto saudade dos trovões que botavam confusão dentro do meu quarto, todo mundo voltando para casa, as crianças apertando bem os lábios, encolhendo as pernas. Vontade de ser bem inundada, e que se acabassem essas garoas mornas que quase não me tocam. Eu tenho contado nos dedos as minhas surpresas, as certezas para sorrir, mas ainda faltam dez. E eu, no meu canto, cansada, com os ombros caídos, ouço sem cessar as perguntas sobre o meu isolamento. É que não durmo direito, meu bem. Mas não isso, ao todo. É que ninguém se aprofunda, ninguém me pressiona para desabrochar como quando a primavera dá as caras. Fico com pavor de olhar no espelho e de descobrir, meu Deus, esse vazio que veio parar aqui, que ninguém sabe de onde saiu, nem quando vai embora, mas me quebra as pernas três vezes por segundo. O vento perde flores secas e eu só quero continuar deitada no escuro. Acho que devo estar deixando todo mundo preocupado com minhas olheiras, com meu rosto que mostra fraquezas, com minha proteção pessoal. Me abraço e me aperto forte que é para não cair, suspiro e deixo o sapato desamarrado que é para não fugir. Larguei meus discos preferidos do outro lado da rua, porque eu seria capaz de suportar a mesma melodia por vários dias, embora eu me despedace toda de dor de cabeça. Eu volto para cama pensando em esperar e espero pensando em tristezas. Tomara que o vazio desista, pois aqui não é o seu lugar. Eu roo as unhas e enrolo uma mecha de cabelo no dedo. Não fiz música nem nada. Não pedi para ser testada. Quando é que eu posso voltar? Zaluzejos

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